sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

O Natal das bruxas

No castelo tenebroso, estava um ambiente de cortar à faca! As três bruxas não faziam outra coisa senão resmungar, lamentar-se e dar largas à fúria, com pontapés nos gatos e vassouradas nos morcegos.
- Não há dúvida! - berrava a mais velha. - Vivemos aqui há séculos e nunca o Pai Natal se lembrou de nós!
- Nunca, por nunca ser, tivemos um presente no sapatinho!
- No sapatinho? Tu queres dizer é no sapatão. Ora olha bem para o tamanho do teu pé. Calças para aí o quarenta e quatro – respondeu-lhe a irmã mais nova, cheia de maldade, ou não se chamasse ela Rosa Maldosa.
Ao ouvir aquilo, Rita Maldita saltou de trás do caldeirão onde borbulhavam poções maléficas e deu-lhe um estalo.
- Toma que é para aprenderes. Já sabes que não tolero que falem do tamanho dos meus pés! (...)
- És horrorosa, Rosa Maldosa!
- E tu nem chegas a ser parva... és parvalhita, Rita Maldita!
A irmã do meio assistia, abanando a cabeça com visível enfado. Como é que haviam de ter presentes, se se portavam daquela maneira? Brigas constantes afugentavam qualquer Pai Natal bem intencionado. Gostaria de lhes fazer ver que assim não ganhavam nada
(...)
- Vamos ao Pólo Norte dizer umas verdades ao Pai Natal!

- Boa ideia! (...)
Num ápice, foram ao baú onde guardavam as casacas de toupeira para ocasiões muito especiais e agasalharam-se. Não era preciso deitarem-se a adivinhar. Sabiam que o vento daquelas bandas era gélido!
Depois assobiaram para chamar as vassouras, montaram e lá foram pela janela fora! Nenhuma confessou, mas iam radiantes! (...)
O Pai Natal, coitado, quando as viu pela frente teve um baque. Que lhe quereriam aquelas três loucas? O mais certo era virem empatá-lo e o pior é que já só tinha uma semana para organizar os lotes das prendas. Tentou encontrar uma boa desculpa para as mandar embora, mas elas não lhe deram tempo e desataram numa gritaria infernal.
- Viemos protestar!
- Exigimos justiça!
- Nós também temos direito. Queremos prendas!
- Prendas como as outras pessoas!
- Não temos culpa de sermos bruxas.
- Nascemos assim, temos que fazer maldades.
- Foi por isso mesmo que nos deram estes nomes começados por mal: Maldosa, Maldita, Maldição!
O pobre velhote deitou as mãos à cabeça. Que havia de fazer para se ver livre delas?
- Vocês sabem muito bem que não posso dar presentes a quem faz patifarias - arriscou com voz débil.
A resposta veio sem frases que se atropelavam num frenesim:
- Patifarias? Patifarias não!
- Asneiras! Pequenos disparates como toda a gente.
- Claro! Somos bruxas, fazemos bruxarias.
- Tudo coisas sem importância: poções para tornar amargo qualquer doce, pozinhos para as crianças poderem arreliar as pessoas mais velhas ou xaropes para as pessoas mais velhas obrigarem os mais novos a irem para a cama. (...)

Receando que discutissem toda a noite, o Pai Natal ordenou:
- Calem-se! Se não se calarem imediatamente garanto-vos que nunca na vida hão-de receber um presente.
A ameaça funcionou. Muito juntas foram-se chegando para ele. Pela conversa, pareceu-lhes que encarava a hipótese de as presentear.
- Vão-se embora - pediu o Pai Natal, agora mais calmo. Deixem-me trabalhar sossegado.
Não prometera nada, mas havia qualquer coisa no tom de voz que lhes deu esperança. Esperança de ver um daqueles lindos embrulhos cair pela chaminé. (...)
Nunca mais chegava a noite de Natal. Nunca mais chegava a hora de saber se desta vez, sim, seriam contempladas. Mas valeu a penal Era meia-noite em ponto quando ouviram uma restolhada sobre as telhas. (...)
Da chaminé desciam lentamente três embrulhos, tão lindos como nunca tinham visto outros!
Ansiosas, precipitaram-se para saber qual era o seu. E o coração derreteu-se-lhes quando deram com os olhos nos cartõezinhos:
- Oh! Já viste o que o Pai Natal escreveu?
- Que querido!
- Adoro o Pai Natal!
- É o velho mais simpático do universo!
A alegria tinha razão de ser. O Pai Natal, em vez de usar os nomes delas, escolhera outros mais a seu gosto: Rita Bonita, Rosa Cheirosa, Conceição Bom-Coração.
Nunca ninguém lhes tinha chamado assim e sentiram-se tão felizes que, por um momento, desejaram proceder como o Pai Natal, apeteceu-lhes alterar as coisas, substituir malefícios por benefícios, enfim, apeteceu-lhes deixar de ser bruxas.
Mas quem é que pode fugir ao seu destino?
Ainda não tinha batido a uma hora, já andavam à bulha com inveja do presente das irmãs.

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, O Natal das Bruxas

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

A Cor Vermelha


O vermelho, cor muitas vezes associada ao erotismo, à ostentação e à alegria, ganha nos contos um papel especial.
Esta cor surge principalmente em:

1.“A Branca de Neve e os Sete Anões”
2.“Capuchinho Vermelho”

Na primeira história é símbolo da tentação, isto pois podemos encontrá-la na maçã envenenada que é oferecida pela bruxa a branca e nos lábios da última. A maçã é “o fruto proibido” e o facto de ser encarnada vem reforçar a ideia de que é aliciante e bela. Ao nível da ciência pode caracterizar-se a influência deste símbolo no indivíduo como o desencadeando de um complexo conjunto de mudanças hormonais ao nível da personagem, principalmente da adrenalina, conjugado a factores situacionais. Branca tem lábios carnudos e vermelhos, que representam (em contraste com a sua pele alva) o erotismo, beleza e também a tentação.
Na segunda, o vermelho do capuz oferecido à menina simboliza o seu confronto com a puberdade, sendo a cor da menstruação. Representa ainda a virgindade, aconselhando a mãe a filha a não ir pela floresta, de modo a não perder esse bem” precioso”.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Comadre Morte - conto tradicional português


Havia um homem que tinha tantos filhos, tantos que não havia ninguém na freguesia que não fosse compadre dele e vai a mulher teve mais um filho. Que havia do homem fazer? Foi por esses caminhos fora a ver se encontrava alguém que convidasse para compadre.
Encontrou um pobrezito e perguntou-lhe se queria ser compadre dele.
– Quero; mas tu sabes quem eu sou?
– Eu sei lá; o que eu quero é alguém para padrinho do meu filho. – Pois, olha, eu cá sou Deus.
– Já me não serves; porque tu dás a riqueza a uns e a pobreza a outros.
Foi mais adiante; e encontrou uma pobre e perguntou-lhe se queria ser comadre dele.
– Quero; mas sabes tu quem eu sou?
– Não sei.
– Pois, olha, eu cá sou a Morte.
– És tu que me serves, porque tratas a todos por igual.
Fez-se o baptizado e depois disse a Morte ao homem:
– Já que tu me escolheste para comadre, quero-te fazer rico. Tu fazes de médico e vais por essas terras curar doentes; tu entras e se vires que eu estou à cabeceira é sinal que o doente não escapa e escusas de lhe dar remédio; mas se estiver aos pés é porque escapa; mas livra-te de querer curar aqueles a que eu estiver à cabeceira, porque te dou cabo da pele.
Assim foi. O homem ia às casas e se via a comadre à cabeceira dos doentes abanava as orelhas; mas se ela estava aos pés receitava o que lhe parecia. Vejam lá se ele não havia de ganhar fama e patacaria, que era uma coisa por maior! Mas vai uma vez foi a casa dum doente muito rico e a Morte estava à cabeceira; abanou as orelhas; disseram-lhe que lhe davam tantos contos de réis se o livrasse da Morte e ele disse:
– Deixa estar que eu te arranjo, e pega no doente e muda-o com a cabeça para onde estavam os pés e ele escapa.
Quando ia para casa sai-lhe a comadre ao caminho:
-Venho buscar-te por aquela traição que me fizeste.
– Pois, então, deixa-me rezar um padre-nosso antes de morrer.
– Pois reza.
Mas ele rezar; qual rezou! Não rezou nada e a Morte para não faltar à palavra foi-se sem ele.
Um dia o homem encontra a comadre que estava por morta num caminho; e ele lembrou-se do bem que ela lhe tinha feito e disse:
– Minha rica comadrinha, que estás aqui morta; deixa-me rezar-te um padre-nosso por tua alma.
Depois de acabar, a Morte levantou-se e disse:
– Pois já que rezaste o padre-nosso, vem comigo.
O homem era esperto; mas a Morte ainda era mais; pois não era?


(Beira Baixa) Adolfo Coelho
in Contos Populares Portugueses

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

A realidade na ficção dos contos

O papel educativo dos contos de fadas tradicionais não é suficientemente, ou claramente, reconhecido. À excepção dos especialistas em psicanálise, de psicólogos infantis e da educação, além de outros, temos tendência para ver nas histórias que passam de geração em geração quase só uma função lúdica ou de entretenimento, associada à de transmissão da herança cultural.
Somos sensíveis à superfície ficcional, sem chegarmos a descortinar a realidade profunda que ela simboliza. Trata-se de uma incapacidade generalizada de percepcionar e interpretar as significações de segunda ordem, escondidas pelos sentidos mais óbvios dos elementos usados nos contos, sejam personagens, acções, cenários ou contextos.
A Menina do Capuchinho Vermelho, por exemplo, de que tantos gostam, simboliza a criança púbere (na fase da puberdade), ansiosa e ávida por compreender o mundo. Esta relação deprende-se das interrogações à suposta avó acerca das suas grandes orelhas, dos grandes olhos, das grandes mãos, da boca horrenda, que representam os quatro sentidos (ouvir, ver, tocar e saborear) que a criança utiliza para descobrir e compreender o mundo.
A sua avidez pela descoberta é igualmente denunciada na advertência que a mãe faz à Capuchinho Vermelho para não se desviar do caminho. O seu efeito na Menina simboliza também o conflito entre a opção pelo dever (fazer o que a mãe lhe mandou - seguir pelo caminho indicado) e a opção pelo desejo (fazer aquilo de que gostava - desviar-se do caminho para colher flores), ou seja, o dilema existente entre o princípio da realidade e o princípio do prazer. E é o Lobo, sedutor e perigoso, que intervém para incentivar o desvio: "Olha como são bonitas as flores que estão à tua volta...".
Não tendo morrido realmente, tal como a avó, a Menina do Capuchinho Vermelho renasce no final, não para continuar a mesma (cedendo às tentações), mas para um plano superior, como uma menina mais madura, que aprendeu a lição.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

A Bela Adormecida em bailado

Teve ontem estreia no Teatro-Cine da Covilhã o famoso bailado "A Bela Adormecida", pelo Ballet Estatal da Ópera de Bashkir, da Rússia, que combina a composição musical de Tchaikovsky e a coreografia de Marius Petipa, que dão cor ao conto de Charles Perrault. O espectáculo, promovido pela produtora Classic Stage, conta com 70 artistas em palco, estando dividido num prólogo e três actos. O talento dos bailarinos, a efusão das cores, do guarda-roupa e do cenário, assim como a excelente sonoridade despertam o interesse de qualquer locutor, transmitindo de uma forma diferente a tão cohecida história. Esta companhia de ballet é conhecida internacionalmente e já actuou em países como o Japão, os E.U.A. e o Egipto.

Aqui fica um excerto (rudimentarmente filmado) da parte em que Bela adormece:

terça-feira, 20 de novembro de 2007

O Castelo


O castelo é símbolo da transcendência, estando localizado para tal efeito, num local alto e de difícil acesso. Assim, é também representativo de riqueza e força.
Existem várias situações nos contos em que surge este ícon:

1. Possui um tesouro;
2. Possui prisioneiros;
3. É habitado por um monstro;
4. É a morada da família real;

Em 1 e 2, é apresentada uma personagem fraca que deve ultrapassar uma série de obstáculos/dificuldades para atingir o tesouro ou libertar o prisioneiro. Deste modo, supera-se a si própria e demonstra que a humildade é um valor que contribui para a felicidade e realização do bem. Sinónimo de clausura principalmente nos casos em que é uma princesa a aprisionada, o símbolo é encarado como “o despertar da sua consciência” a partir do momento do seu resgate, fazendo acreditar que o amor é um sentimento que, embora possa parecer impossível nalgumas situações, pode ser recíproco.
Em 3, há situações em que o monstro pode não só ser um obstáculo como também o domínio do mal sobre os habitantes da localidade adjunta ao castelo, metáfora que define mais uma vez uma luta necessária entre o bem e o mal, onde a opressão é apresentada como valor negativo. O edifício é a reflexão do carácter do monstro, representando-se comummente de forma sombria e tenebrosa nesta situação.
Em 4 é referido como a morada da família real, não sendo mais que uma indicação adicional ao seu carácter de luxúria e ostentação.

Em suma, conhecer o castelo é um acção de introspecção, procura do auto-conhecimento e conjunção dos desejos, utilizando-se como ferramenta epopeica dos contos de fadas.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Era uma vez... o nº três!

O número três, presente em grande parte dos contos tradicionais, adquire um especial simbologismo ainda na época Clássica, com a definição grega da perfeição humana, em que o corpo estaria dividido em três partes, constituindo a cabeça uma terça parte do ser humano.
Assim, em "Os Três Porquinhos", são três os irmãos que tentam a todo o custo escapar do lobo, e em "As Três Cidras", conto tradicional português, são três as visões de meninas que aparecem ao Príncipe. Atentemos também em contos em que existe uma entidade com poderes capaz de realizar desejos ao personagem em apuros. Por regra, os desejos concedidos são sempre três, sendo o terceiro o que acarreta maior simbolismo.
Também a Deus se atribui uma Natureza tríplice (criação, conservação e destruição) além de que lhe são conhecidos três atributos (omnipresença, omnipotência e omnisciência) e uma constituição tripla (Pai, Filho e Espírito Santo). O três é, portanto, símbolo da perfeição e do divino.
Em geometria, por exemplo, a primeira figura geométrica é o triângulo, constituído por três lados.
Já no conto propriamente dito, existe em regra uma estrutura triática: o pai, a madrasta e o filho; sendo que normalmente, a ideia de família engloba precisamente, três elementos: o pai, a mãe e o filho. Sem contar que que a própria narrativa se apresenta, regra geral, tripartida (introdução, desenvolvimento e conclusão).
Assim sendo, o número terceiro é representativo do equilíbrio e da harmonia, para além da sua estreita ligação com o divino.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Violência gera violência?



Eliminar conteúdos violentos dos contos de fadas não é a solução mais indicada.

A realidade das crianças é povoada de medos e conflitos, pelo que não lhes deve ser apresentado um mundo pacífico, idílico, contudo irreal.

Os contos de fadas ao mostrarem os problemas ligados à violência, apresentam também as soluções, constituindo, como tal, instrumentos fundamentais para incutir a confiança, a tranquilidade e o espírito de iniciativa que tornarão a criança capaz de enfrentar e superar as suas próprias dificuldades. É imprescindível a este desenvolvimento infantil que as histórias sejam contadas, não lidas, e que sejam até ao final, em que os conflitos têm um desfecho sempre positivo.

Tal como os contos de fadas "não foram feitos para serem lidos", também alguns programas televisivos e, mesmo, jogos não deveriam ser solitariamente descodificados pelas crianças, entregues a imagens extremamente aterrorizadoras.


(Baseado em João Seabra Diniz, entrevista ao público, clique aqui)

domingo, 4 de novembro de 2007

Paula Rego e as suas histórias...


De entre todas as interpretações dos contos tradicionais na pintura, a que mais se destaca é a de Paula Rego. A ilustre pintora portuguesa ilustra no seu trabalho a interpretação pessoal que efectuou das mais e menos conhecidas histórias. Há quem diga que é macabra, horrenda. Eu vejo nela uma nova demonstração da realidade escondida na fantasia. Jamais poderemos usar as telas como ilustração de livros de contos para crianças como é óbvio. Temos sim que observá-las e tentar descobrir a sua intenção..o propósito de as conceber existiu..

"Foi uma terapia de inspiração jungiana que reanimou em Paula Rego o gosto pelas histórias. A sua pintura passou, então, a ter uma componente narrativa. Desse período, data o interesse pelos contos tradicionais portugueses.
Os contos avivaram o que lhe contavam quando era pequena. Recordou a artista: «Eram histórias muito boas, com lobos e avós... Relembrei-me dessas histórias. Ajudou-me muito. Depois, a Fundação Gulbenkian foi extraordinária. Eu disse: 'Preciso de dinheiro'. E eles: 'Faça o que quiser, arranje uma desculpa e vá trabalhar'. Foi nessa altura que estive seis meses no British Museum a ler sobre contos tradicionais do mundo todo. O regresso ao desenho significou um 'contar histórias' de maneira mais directa. E assim continua agora»."

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Necessidade vs Desejo


No conto Hansel & Gretel, adaptado pelos irmãos Grimm, podemos verificar uma oposição entre os desejos primitivos da criança e as suas necessidades mais básicas.
Quando na história, os irmãos não conseguem regressar a casa, a fome toma conta deles, sendo encarada como uma necessidade primária, que necessita satisfação antes de qualquer outra coisa. Assim, o desejo de voltar à segurança e abrigo da sua casa passa para um segundo plano.
A comida é então a solução para o problema, o que nos remete para o instinto primitivo de sobrevivência do Homem, em que só após a satisfação das carências vitais, consegue lutar pela realização de carências secundárias, mas não menos importantes. Hansel e Gretel foram abandonados pelos pais face à impossibilidade destes lhes poderem propocionar bens básicos como a alimentação. Deste modo, a casa de broas torna-se mais aliciante que o próprio regresso a casa.
Bettelheim sugere ainda que "A criança tem de aprender que, se não se libertar destes desejos, os seus pais ou a sociedade a forçarão a fazê-lo contra sua vontade". A casa de broas surge como um impedimento do retorno a casa feito pelo mundo, numa tentativa de eles cairem na realidade do abandono dos pais, sabendo que a determinada altura, teriam que subsistir por si e largar o tão acolhedor conforto do lar. Isto porque a casa é simbolicamente o corpo da mãe que amamenta o seu filho. A casa de broas é "a boa mãe", aquela que satisfaz a necessidade biológica do seu filho. As crianças não se importam então de desapossar qualquer outra pessoa (comendo-lhe a casa), já que elas próprias foram abandonadas e entregues aos seus problemas.
Hansel & Gretel surge como uma reflexão da necessidade primitiva do homem sobreposta à capacidade de atingir os seus objectivos.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O Velho, o Rapaz e o Burro

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Piaget e o Desenvolvimento Infantil




Existem várias teorias respeitantes ao desenvolvimento psicológico das crianças, entre as quais se encontra a defendida por Piaget.


Segundo Piaget existem quatro estádios de desenvolvimento: o estádio sensório-motor (0-18/24 meses), o pré-operatório (2-7 anos), o estádio das operações concretas (7-12 anos) e das operações formais (11/12-15/16 anos).
Sabendo que a partir dos 18/24 meses de idade a criança inicia a aprendizagem da língua (estádio pré-operatório), e que a motivação por parte dos pais favorece o enriquecimento do vocabulário, é de notar a influência positiva de contos e histórias neste período da vida infantil. Assim, a leitura de histórias ao deitar, além de priveligiar uma relação entre pais e filhos, constitui um acto pedagógico importante no desenvolvimento intelectual da criança garantindo que esta cresça e progrida nos vários estádios de uma forma produtiva.

É então de notar a importância do conto como um estilo literário vital e construtivo, com uma responsabilidade acrescida no que diz respeito à definição do "sujeito e da sua individualidade".

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Simbologia da "Madrasta"

A madrasta é uma personagem frequente nos contos infantis. Mas que simbolizará esta figura?
O que estará para além da beleza exterior e da maldade interior?

Quando pequenas, as crianças atravessam uma fase em que as meninas rivalizam com a mãe, desenvolvendo uma relação de maior cumplicidade com o pai, sendo que com os rapazes sucede o contrário - Complexo de Édipo -. Assim, na fantasia edípica da menina, a mãe apresenta duas vertentes: a mãe maravilhosa e boa (pré-edípica), e a madrasta edípidica. A madrasta é portanto alguém que rivaliza com a menina e compromete a sua relação com um personagem do sexo oposto, que no conto é o príncipe e na vida real é o pai.
O facto de serem sempre referidas madrastas em vez de padrastos deve-se à tradicional crença de que o pai permanece mais tempo fora de casa do que a mãe. Assim, a morte/separação desta causa na criança um maior impacto do que a separação de uma pessoa que não está tão presente.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Welcome to a Fairytale World

Este Blogue surge no âmbito da área não disciplinar Área de Projecto, com o objectivo de divulgar a nossa pesquisa acerca do tema "A Influência dos Contos Infantis no Desenvolvimento do Indivíduo".
O trabalho tem como intenção tentar perceber a componente psicológica patente nas histórias infantis tradicionais, a sua intervenção no modo como as crianças interagem entre si, com o mundo, com a sociedade/meio onde vivem e também a interpretação que fazem da simbologia neles contida.


"A Fada Azul" de Paula Rego