terça-feira, 3 de junho de 2008

Até um dia!...

Tivemos hoje a nossa última sessão de Área de Projecto. Fizemos a auto-avaliação e após uma pequena conversa com a professora, saímos com o sentimento de termos cumprido o nosso dever!
Aqui fica a nosssa última postagem, em que agradecemos a todos aqueles que visitaram a nossa página e a todos aqueles que colaboraram connosco na elaboração do nosso projecto. Para todos os nossos colegas que desejam ingressar no Ensino Superior desejamos que consigam atingir os seus objectivos e que corra tudo pelo melhor!
Até um dia
Carolina, Joana e João

terça-feira, 27 de maio de 2008

Finito!

O trabalho foi concluído. Foram entregues o suporte escrito e audiovisual. O portfólio está pronto.

Aqui deixo um excerto da minha reflexão acerca do trabalho:

"Relendo as reflexões semanais realizadas ao longo do tempo, olhando em retrospectiva e admirando o trabalho final, posso dizer brevemente que Gosto do trabalho Final!
A nível de suporte escrito está muito bem organizado, agradável, interessante e acima de tudo, grande! É verdade, em grupo conseguimos fazer algo extraordinariamente extenso e que julgo interessante. Algumas dificuldades foram sendo impostas, mas sempre ultrapassadas. Trabalhámos muito bem em equipa e foi provavelmente a única vez na minha vida escolar em 12 anos que senti estar de facto a trabalhar em grupo. O vídeo ficou muito engraçado e a experiência foi muito divertida, enriquecemos socialmente, ao lidar com crianças que consideramos especiais. Desde a preparação ao vídeo, houve muitas peripécias que jamais esqueceremos. Como afirmei anteriormente, gostei muito do contacto com a produção artística, tanto de personalidade de renome como de alguns desconhecidos para mim. Foi o powerpoint que já me deu mais gozo fazer…Acho que foi muito bem conseguido do ponto de vista estético.
"

terça-feira, 20 de maio de 2008

Contar...

Esta será a minha última postagem neste blogue (ou talvez não).
Gostei muito de fazer parte deste projecto,não só por o tema me interessar (a influência dos contos infantis no desenvolvimento do indivíduo), mas também porque pude despertar para questões que até então me eram desconhecidas.
O que mais apreciei foi, sem dúvida, descobrir tantas significações ocultas e profundas num simples conto infantil, ainda que, confesso, nunca teria sido capaz de as identificar sozinha, isto é, sem o auxílio do livro "A psicanálise dos Contos de Fadas", de Bruno Bettelheim. Talvez isto se deva ao "problema" comum a tantas pessoas que apenas vêem o óbvio nas mensagens, seja dos contos infantis ou outras. De qualquer modo, sinto-me agora mais preparada para interpretar além do superficial ou banal.
Admito que, até ao início da realização do nosso trabalho, não me era muito familiar o uso de um blogue como espaço privilegiado para a partilha do saber. Foi com agrado que vi nele reunidas duas características que considero fundamentais, a de divertir e, é claro, a de transmitir conhecimentos, harmoniosamente interligadas.
Um projecto que atinge o final (feliz) coloca-nos perante dois sentimentos algo contraditórios: a satisfação pela missão cumprida e uma certa nostalgia relativamente às experiências vividas...
Muito ficou ainda por contar. Várias outras histórias deveriam ter merecido a nossa atenção, mas houve que seleccionar. O nosso desafio ficará por enquanto interrompido.

Contar...
O próprio verbo é bonito
Porque se conta com palavras, porque as
palavras são da vida, cada um vai
contando o seu conto ao fim: às
vezes a história é interrompida, fica
por contar...

(Matilde Rosa Araújo)

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Vamos à Anil!...

Finalmente terminámos o nosso trabalho! Com o vídeo pronto e o trabalho escrito terminado, é chegada a hora de nos encontrarmos com os nossos colegas da Região Centro na 2ª Mostra de Trabalhos de Área de Projecto do Ensino Secundário, para termos contacto com os projectos desenvolvidos durante este ano lectivo.
Este encontro está previsto para sexta-feira, dia 16 de Maio, a partir das 9h00 da manhã. A exposição dos trabalhos elaborados é aguardada com grande expectativa e curiosidade acerca dos temas abordados pelos nossos colegas. O nosso grupo não fará a apresentação pública do projecto na Anil, mas, além da nossa componente escrita, teremos à disposição um computador portátil com acesso à internet para quem quiser visitar o nosso blog e uma apresentação em PowerPoint de trabalhos plásticos realizados com base em contos infantis, nos quais estão incluídas obras de Paula Rego.
O balanço que fazemos deste projecto é bastante positivo e pensamos que conseguimos atingir todas as nossas metas!
Certamente teremos muito mais para vos contar na próxima postagem e esperamos ter o gosto de atingir as 2 000 visitas até ao final do ano!

terça-feira, 6 de maio de 2008

Bettelheim & Carochinha - O Vídeo

Numa "fuga" da aula de hoje para a U.B.I., iniciámos a formatação, compacção e remasterização do vídeo que será exposto no II Encontro Regional de Área de Peojecto. O video será constituído pelas filmagens realizadas no infantário num único clip, dividido em sketches, conforme as áreas exploradas no trabalho, nomeadamente na componente de "pesquisa de campo", assim como os melhores e mais divertidos momentos da visita à instituição...

terça-feira, 29 de abril de 2008

Capuchinho Vermelho- a verdadeira história

Graças à última actualização do João, lembrei-me de um filme de animação de 2006, intitulado"Capuchinho Vermelho- a verdadeira história", que mostra também uma versão alternativa do tão conhecido conto infantil. À semelhança de outros filmes de animação, são actores famosos que dão voz às personagens: Glenn Close (avózinha), Anne Hathaway(capuchinho vermelho), James Belushi (lenhador) e Patrick Warburton (lobo).

Tal como a sinopse do filme refere, " é revelada a história completa de como o Capuchinho Vermelho, a Avózinha , o Lenhador e o Lobo se juntaram como suspeitos de um crime, num caso que praticamente enganou a lei." Apenas vou desvendar que o crime em questão consistiu no roubo de um livro de receitas culinárias.

Quem tiver interesse em conhecer este outro «Capuchinho Vermelho» deverá ver o dvd. Para já, deixo o trailer da versão original do filme, pois não consegui encontrar o dobrado em português.

O rei vai nu

Este conto fala-nos de um rei que era muito vaidoso. Certo dia, dois trapaceiros resolveram aproveitar-se desta sua peculiaridade, enganando-o. Disseram-lhe, então, que haviam encontrado um tecido muito belo, que apenas os mais inteligentes eram capazes de ver. Conseguiram que o rei logo quisesse comprar um fato de tal raridade, a fim de mais bonito parecer e para poder testar a qualidade intelectual da sua corte.
Algum tempo depois, o monarca decidiu sair com a sua “vestimenta” e mostrar-se ao povo. Toda a gente olhava admirada para o rei, pois ninguém queria mostrar-se parvo. A dada altura, uma criança, na sua inocência, gritou: -“Olha, olha! O rei vai nu!”
A afirmação desencadeou prontamente uma gargalhada geral e só aí o rei compreendeu que tinha sido enganado. Envergonhado com toda a situação, e arrependido da sua vaidade, rapidamente se escondeu no palácio.
A história d’ “O rei vai nu” adverte-nos do perigo de, ao sermos demasiado vaidosos, ficarmos mais frágeis, menos lúcidos e capazes de usar a razão, enfim, mais susceptíveis de sermos enganados e cairmos no ridículo. A vaidade excessiva tolda a mente.
Por outro lado, fala-nos do medo de nos afirmarmos perante os outros, de expressarmos o que pode ser rejeitado ou contribuir para que não nos aceitem, ainda que seja por demais óbvio. Todos viam que o rei estava nu, mas só uma criança, que não teme ainda a rejeição social, porque dela não tem consciência, foi capaz de o denunciar publicamente.
A inocência infantil poderá, porém, ser substituída pela coragem de alguém que ouse ir «contra a maré». Se algum adulto, de entre os muitos que assistiam ao desfile, tivesse dito bem alto a verdade, poderia ter igualmente desencadeado a reacção colectiva. Por isso, esta história constitui igualmente um estímulo à intervenção corajosa, ousada.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Snow White


"A irreverente coreógrafa americana, Ann Liv Young, está pela primeira vez em Portugal, a convite do projecto de residências promovido pela ZDB/Negócio, com uma residência e simultaneamente para apresentar a sua mais recente criação "Snow White". Dias 22 e 23 de Abril, no espaço Negócio, em Lisboa.
Nesta performance Ann Liv Young, dá-nos a conhecer o seu universo mirabolante e eléctrico, entrando no mundo mágico da Disney, apresentando uma Branca de Neve subversiva e transgressora!"

em Público

terça-feira, 22 de abril de 2008

Para os nossos pais...

Um presente do nosso grupo para todos aqueles que nasceram por volta da década de 60 e sobreviveram à televisão a preto e branco!

terça-feira, 15 de abril de 2008

Se o inconsciente falasse..


Era ainda de manhã e a menina do capuchinho vermelho estava impaciente (ainda sem o capuchinho obviamente)...A mãe tinha uma missão para ela. Sendo uma criança pré-púbere, cujo inconsciente e o consciente se imiscuíam, ela sabia que era nesse dia que a sua vida ia mudar. Todas as crianças neste novo mundo de contos de fadas eram assim. De repente, ouve os passos da mãe no corredor e vira-se para olhar o objecto que esta transportava: uma cesta de vime de onde saía o odor de bolos frescos e mel caseiro. Espreitou para dentro e viu ainda algumas maçãs.
- Filha, tens que levar isto à casa da avó que fica depois da floresta…
- Por onde devo ir?
A mãe sabia que no mundo onde o inconsciente não era digno desse nome não valia a pena fazer jogos, mentiras piedosas, enigmas ou qualquer coisa dentro do género.
- Tens dois caminhos, a estrada e a floresta. Não vejo porque não ires pela estrada convencional, mas tu é que decides, já és uma mulherzinha…
- Não não sou! Ainda não sou menstruada! - Disse a menina abespinhada.
- Agora vais ser - afirmou a mãe enquanto lhe colocava o capuchinho vermelho vivo.
A capuchinho não disse mais nada, limitando-se a dar um beijo na cara à mãe e despedindo-se.
Era óbvio que ia pela floresta. Que há de interessante numa estrada igual a todas as outras? Antes perder-se no meio de árvores inofensivas do que ser atropelada…
Embrenhou-se pela floresta e começou a saltitar pelo caminho, sentindo o poder hormonal que se ia apoderando dela a pouco e pouco. Os sons estranhos não a assustavam, ela sabia que mais tarde ou mais cedo ia encontrar algo de inesperado e que ia mudar a sua vida para sempre.
Foi rápido, surpreendente e, de certo modo, reconfortante, ainda que de uma maneira distorcida e completamente "fora": O Lobo surgiu na clareira e roubou-lhe a cesta.
- Mas que faz uma menina tão bonita num sítio tão escuro para a sua beleza?
- Sejamos francos, eu sei que a cesta é só um pretexto para me papares, seu malvado.
- Pois, és bonita e esperta. Não sabes é de que maneira te quero "papar".
- Porquê, há muitas maneiras? Dá-me um chupa.
- O quê??
- Estão na cesta, eu trouxe para o caminho - respondeu ela imediata e secamente
O lobo meteu a pata na cesta, mas...
- NÃO!! Com essa pata porca não! Usa um lenço.
Deu-lhe o chupa e olhou para ela.
- Não te quero papar, só quero a cesta. Para onde vais?
- Para casa da minha avó, na orla da floresta.
- Não pedi a descrição..mas obrigado, já tenho refeição - afirmou o animal provocante.
- Come, eu não gosto nada dela, é chata e faz-me andar quilómetros só para lhe dar bolinhos que não pode fazer porque tem tempo de reformada a mais... - O sarcasmo corria nas veias da rapariga precoce.
O lobo partiu espantado, as crianças do mundo sem inconsciente controlado eram cada vez mais ariscas. Não parava de pensar na insinuação da rapariga. Não posso, sou um lobo, devia era comê-la e não deixar ossinho...

O capuchinho vermelho continuou até à casa da avó. Bem, a velhinha inocente já não ia chatear mais..Naquele mundo não havia inconsciente, mas a consciência tinha então que se misturar com o que dele restava, sendo o resultado um lugar estranho para as crianças, que lidavam com desejos que supostamente deviam ser inconscientes, como ver-se livre da pobre avó, de uma maneira perfeitamente casual, não lhe dizendo a razão quando parar. Basicamente, eram quase sobredotadas no que se referia às emoções dos outros e ao mundo em si, mas muito pouco sabiam sobre elas próprias, excepto o que não deviam.
Avistou as telhas laranja por trás de uma macieira que já dava frutos. Viu uma maçã brilhante e vermelha no chão. Bem hoje tudo indica que vou ceder a uma tentação, ou então vou tornar-me uma mulherzinha. Agarrou na maçã e meteu-a no bolso da casaca. Estava tudo silencioso e a avó não estava com o seu habituado ar pasmado na cadeira de baloiço do alpendre. Um jornal encontrava-se pousado no seu lugar. A capa mostrava duas crianças da sua idade, cada uma com um barrete e de sorriso de orelha a orelha, com uma casa coberta de doçuras atrás. "Hansel & Gretel - Vendedores de Doces". Bem, pelos vistos os dois irmãozitos naquele mundo tinham tido uma gota de esperteza, não fugiram da casa depois do homicídio, em legítima defesa, da bruxa, aproveitando toda a doçaria para venda. Noutras divisões da manchete, podiam ler-se notícias acerca da futilidade das princesas, que tinham decidido viver todas juntas com o dinheiro dos seus príncipes; de um feijoeiro até ao céu que conduzia a um parque de diversões e do abandono de três porquinhos pela mãe biológica.
Pousou a publicação e entrou na casa, verificando que o lobo estava na cama, mas fingindo-se despercebida:
- Avó, porque estás deitada?
- É para te receber melhor... - Disse o lobo na sua pior imitação de idosa.
- Ah...estás doente..pobrezinha..deixa-me ver se tens febre.
O lobo não esperava que o raio da miúda se metesse nos lençóis sem mais nem menos.
- A menos que não tenhas feito a depilação, não és a minha avó. O que lhe fizeste?
- Papei-a, como sugeriste.
- Epá, será possível? Isso é daqueles desabafos, não vês que era família? - Disse numa voz que agora fazia notar um leve arrependimento.
- Desculpa! Eu faço tudo para te compensar!
- Fazes...?
- Sim.
- Torna-me mulher. - Afirmou resolutamente.
- O quê? COMO?
- Não sei, mas sei que os rapazes têm alguma coisa a ver com isso. Tu é que deves saber.
- Olha, eu sou um animal que saciou a sua fome, acho que precisas de voltar para casa e fazer perguntas à tua mãe...estás na idade para isso.
- Não disseste que havia outra maneira de papar?
- Desculpa, mas não posso, és menor, esta polícia não tem inconsciente, mas é bem consciente das leis e essas não permitem abuso de menores. Tenho que ir tratar da saúde a uns certos porquinhos...A minha digestão demora apenas duas horas, tenho que comer. Porta-te bem.
E saiu correndo nas quatro patas com uma touca ridícula na cabeça que se esqueceu de tirar.
A menina do capuchinho vermelho olhou para uma foto da avó na cabeceira da cama. Como pude eu querer que ela morresse? Ela era a minha avó.Uma lágrima caiu no chão e o arrependimento encheu toda a sua mente, quer esta tivesse restrições ou não. Sentiu a maçã e tirou-a do bolso, observando-a. Aquele mundo era como a maçã: tinha sabor, mas não tinha forma única, as pessoas praticamente não tinham nada de secreto para elas, eram todas iguais por dentro; o que as tornava especiais não se mostrava (assim, no nosso mundo pode ver-se que não é apenas o exterior que forma o indivíduo). Contudo, tal como o fruto, podiam adoptar diferentes cores (exterior físico ), mas paladares semelhantes, ainda que não totalmente iguais (interior, que se assemelhava em todos os seres humanos), podendo existir atracção sem inconsciência, embora não houvesse amor no sentido lato. E foi assim que, cedendo às tendências orais como uma criança com inconsciente controlado, que a menina comeu a maçã tornando-se mulher.

No nosso mundo isto estaria errado pois a interpretação dos contos sugere que a dependência oral é sinónimo do infantil. A criança só se torna independente como pessoa quando deixa a dependência da oralidade. Mas este mundo não é contrário ao nosso? As atitudes têm que ser também contrárias. Porque se tornou mulher? Porque devorou o símbolo do seu mundo criando um próprio no interior da sua pessoa: o inconsciente como unidade independente.

Não sabemos como foi a vida da menina após este incidente, mas acreditamos que tenha ido viver para outro mundo: o seu próprio, deixando aquele para sempre, para sua alegria. Como seria se o inconsciente falasse, como naquela dimensão?

terça-feira, 8 de abril de 2008

Em jeito de síntese

O nosso trabalho de projecto já vai bem adiantado, pelo que é chegada a hora de apresentarmos uma síntese das actividades desenvolvidas, para além de uma breve referência às acções a desenvolver na etapa final.
Numa primeira fase, indentificámos e estudámos uma série de símbolos comuns a grande parte das histórias infantis, como, por exemplo, a madrasta, o príncipe, a fada e o castelo. Iniciámos, também, desde logo, pesquisas sobre teses do desenvolvimento infantil, contemplando diversos autores, especificamente Piaget, Freud, Watson, Gesell e Bruner.
Mediante as análises de contos, estrangeiros e portugueses, que fomos realizando periodicamente, e baseados em conteúdos do âmbito da psicologia recolhidos e compilados, compreendemos de que modo as histórias infantis podem ser um meio de "libertação" de complexos (por exemplo, do Complexo de Édipo).
Num período mais avançado, porque já detentores da base necessária de conhecimentos, directos e indirectos, acerca do objecto do nosso projecto (os contos infantis), procurámos intervir na sociedade. Primeiro, com a organização e filmagem de um debate no Infantário Obra de Santa Zita, em que os pequenos protagonistas falaram sobre os contos que conheciam e outros aspectos relacionados. A seguir, através da realização de um inquérito por questionário a duas turmas do ensino secundário, na nossa Escola. Por último, com uma visita à ala de pediatria do "Hospital Cova da Beira", onde promovemos e orientámos actividades de expressão alusivas a alguns contos.
Nesta fase, estamos a tratar de toda a parte gráfica do nosso projecto: o tratamento das imagens recolhidas no Infantário e a concepção de um poster temático, a divulgar na mostra de trabalhos da área de projecto; também a produção de um conjunto de diapositivos, em power point, destinados à apresentação do trabalho final. Este incluirá, como apêndices, registos audiovisuais do debate realizado, em suporte digital.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Contos tradicionais portugueses

Um dos objectivos do nosso trabalho é também a análise do conto português, sua estrutura e respectivos elementos. Muitas vezes torna-se difícil separar a lenda deste estilo narrativo, uma vez que a oralidade associada aos contos lhes confere diferentes versões e significados.
Os contos tradicionais do povo lusitano são conhecidos pela sua afinidade com a religião e pela sua carga simbólica. É interessante verficar como a tradição oral de um povo o retrata a si e à sua história, sendo por isso um modo fiel de caracterizção de uma cultura.
Se atentarmos em determinados contos como "O Menino Sem Olhos" ou "O Caldo de Pedra", descobrimos uma característica tão nossa conhecida e tão incutida nas nossas raízes: a capacidade de improvisação e a astúcia. Se por outro lado, nos debruçarmos sobre as lendas regionais, que procuram explicar a origem das cidades ou dos seus nomes, verificamos que quase sempre se baseiam em milagres ou em acontecimentos históricos em que um homem se distingue pela sua coragem e perspicácia. No entanto, as histórias tradicionais portuguesas são também conhecidas pela sua violência, como é visível no conto há pouco referido, "O Menino Sem Olhos", em que um rapaz arranca os seus próprios olhos a pedido do irmão. Contudo, como já aqui explicámos, a violência presente nas histórias não prejudica a criança nem a incita a actos violentos, pelo contrário! O desfecho em que o "homem mau" é castigado ou perdoado, veicula a ideia de que temos sempre oportunidade de nos redimirmos dos nossos erros.
Atentando agora na simbologia do conto tradicional português, "levantamos um pouco o véu" no que diz respeito à sua simbologia. Falemos então da "encruzilhada".
Simbolicamente, a ideia da escolha aparece representada na situação do sujeito perante a encruzilhada. Profundamente enraizada, a simbologia da encruzilhada tem já uma longa tradição em inúmeras culturas e encontra-se presente em muitos contos. Os pontos cardeais (Norte, Sul, Leste e Oeste), dão-nos a dimensão de um espaço imaterial, o espaço das possibilidades a seguir. Parado no cruzamento entre dois caminhos, o homem está como se estivesse no centro do mundo, diante de um leque de alternativas. Ele tem quatro caminhos, quatro destinos, e um deles é o seu. Geralmente, a chegada do herói ao cruzamento corresponde ao clímax da narrativa e antecede o seu desfecho que depende do caminho escolhido pelo personagem referido.

terça-feira, 25 de março de 2008

O Sexo e os Contos


Como já puderam dar conta pelo último post, temo-nos supreendido realmente com as interpretações do significado dos contos pelo senhor Bruno Bettelheim. Isto, porque ao contrário do que estávamos à espera, a simbologia a nível sexual marca grande presença nestas. No trabalho final, as mais importantes vão surgir transcritas, adaptadas ou de forma subtil, contudo não estarão lá todas pois o projecto está mais direccionado para o desenvolvimento a todos os níveis do ser humano e não só a nível sexual, desde que assimila o conto, até às suas acções.

Assim sendo, vamos dar alguns exemplos significativos:

- Há uma mensagem edipiana alojada em Hansel & Gretel, em que estes comem a casa de broas que simboliza a sua mãe, ou seja, na prática estão a ingerir oralmente a progenitora, revelando até certo ponto os seus instintos primários, nomeadamente o sexo.

- N'A Gata Borralheira damo-nos conta de que o grau de feminidade desta é superior ao das irmãs pois o seu pé cabe no sapato. O sapato (que na versão original é um chinelo) é apertado e local de inserção de uma parte do corpo, simbolizando a vagina. As irmãs têm pés demasiado grandes para o sapato e cortam-nos tentando cortar a sua masculinidade (metaforicamente o falo inexistente).

- N'O Capuchinho Vermelho o capuz desta cor simboliza a menstruação, a passagem da criança do sexo feminino para o estado púbere, sendo enviada por um caminho mas sucumbindo à tentação do instinto próprio e enveredando pela floresta, onde encontra o lobo, símbolo do masculino, que a tenta demover da sua tarefa e "comer".

- Em Jack e o Feijoeiro Gigante o feijoeiro tem forma fálica e traduz a virilidade e coragem do personagem principal para alcançar as suas ambições.

terça-feira, 18 de março de 2008

As Três Cidras do Amor


Este conto tradicional, embora aqui abordado como sendo português, conta com várias versões por todo o Mundo. O seu título vai variando consoante os frutos predilectos de cada terra: cidras, laranjas ou nozes. São até conhecidas várias versões na Índia, segundo Consiglieri Pedroso. Em Portugal conhecem-se três versões deste conto: Bola-Bola, As Nozes e a já referida, As Três Cidras do Amor. Independentemente dos seus diferentes títulos, a história que se conta não apresenta grandes variações.


Um Príncipe que sai do seu palácio para ir à caça levando consigo três cidras, é surpreso por um acontecimento deveras intrigante. Ao partir uma das cidras, aparece-lhe uma linda menina que lhe pede água ou morrerá. Não tendo água com ele e estando bastante longe de uma fonte, a menina acaba por morrer, para grande tristeza do príncipe. Ao partir a segunda cidra, sucede-lhe o mesmo e o moço acaba por prometer a si mesmo que só abrirá a terceira cidra junto de uma fonte. Quando finalmente encontra uma fonte, o príncipe parte então a última cidra. De dentro dela sai uma menina ainda mais bela que as anteriores e o rapaz fica perdidamente apaixonado. Deu-lhe água e a menina viveu. O príncipe prometeu casar com ela, e partiu dali para o palácio para ir buscar roupas e levá-la para a corte, como sua desposada. Enquanto esperava pelo seu amado, a menina espreitou por entres os ramos e viu uma preta com uma cantarinha junto à fonte. A preta, vendo o reflexo da menina na água pensou ser o seu e disse:


“Cara tão linda a acarretar água! Não deve ser.”


A menina não conseguiu conter o riso e a preta, dando pela sua presença, chamou-a fingindo meiguice e começou a catar-lhe a cabecinha. Porém, quando a viu distraída, enfiou-lhe um alfinete no ouvido e a menina transformou-se numa pomba. Quando o príncipe chegou, encontrou ali a preta e disse-lhe:

“Que é da menina que eu aqui deixei?”
“Sou eu, disse a preta. O Sol crestou-me enquanto o príncipe me deixou aqui”.

De volta ao palácio toda a gente estranhava a noiva do príncipe e ele morria de vergonha. No entanto, o hortelão que andava no jardim viu a pombinha que lhe perguntou:
“Hortelão da hortelaria, / Como passou o Rei/ E a sua Preta Maria?”
O hortelão estranhando a situação, contou o acontecido ao príncipe e ele pediu-lhe que armasse um laço para apanhar a pomba. O hortelão cumpriu as ordens do príncipe e armou três laços, um de cetim, um de prata e um de ouro. Contudo a pombinha só caiu à terceira tentativa, no laço de ouro. Quando o príncipe veio passear muito triste para o jardim, encontrou-a e começou a afagá-la; ao passar-lhe a mão pela cabeça, achou-lhe cravado num ouvido um alfinete. Começou a puxá-lo, e assim que lho tirou, no mesmo instante reapareceu a menina, que ele tinha deixado ao pé da fonte. A menina explicou o que lhe acontecera e o príncipe levou-a para o palácio como sua mulher. Para castigar a Maria Preta, a menina pediu que se fizesse da sua pele um tambor e dos seus ossos uma escada para poder descer ao jardim. O príncipe assim o fez e viveram felizes para sempre.


Para Consiglieri Pedroso, este conto “é sem dúvida alguma mítico”, simbolizando a aurora, o sol e a noite. Assim, o sol é representado pelo príncipe, a aurora pela menina e a noite pela Maria Preta. Vemos como nesta história o príncipe acaba por ditar a sobrevivência das meninas das cidras. Tal como o sol, sem cuja luz não é possível a vida, também sem a ajuda do príncipe as meninas não podiam viver. A água que lhe pediam, representa simbolicamente a vida e o conhecimento, sem o qual não se atinge a maturidade. Aí reside a explicação para o facto de o príncipe ter encontrado a sua amada junto de uma fonte. A fonte é o local de encontro e de purificação da relação. Só o conhecimento e o amadurecimento de dois seres humanos permite uma relação verdadeiramente fundada no amor. Daí que as meninas saíssem das cidras que representam a virgindade e o fruto proibido. A sua saída da cidra é o inicio da sua transição da condição de meninas para a condição de mulheres. Porém, quando tudo parecia encaminhar-se no bom caminho, aparece a Maria Preta que, simbolizando a noite, é a principal inimiga do sol e, portanto do príncipe. Acaba por transformar a menina numa pomba branca cuja cor se contrapõe à da preta simbolizando a pureza característica da menina. O príncipe enganado pela preta leva-a para o castelo, tal era o seu amor pela menina que, mesmo feia e suja, continua objecto da sua afeição. Vive imensamente infeliz e envergonhado mas quando sabe que uma pomba pergunta por ele ao hortelão, pede-lhe que a apanhe com um laço. O primeiro laço (de cetim) representa a amizade e a pomba não cai. O segundo laço que o hortelão coloca é de prata, simbolizando o enamoramento, mas também não consegue apanhar a pomba. Só quando é colocado o último laço, de ouro, representando o sol e o casamento, o hortelão consegue finalmente agarrar a ave. Vemos então como o número três se reitera neste conto. Primeiro, o próprio título constitui uma alusão à perfeição e à fertilidade (“As Três Cidras”) e segundo, o facto de serem necessários três laços para a pomba ser agarrada pelo hortelão. Não é por acaso que a pomba apenas cai no laço de ouro. Prometida a um príncipe, a menina tem já sangue real e deve ser tratada como a realeza. Além de que o ouro é o metal perfeito e reflecte a luz dourada do sol.


Uma parte muito importante deste conto é o castigo dado a Maria Preta. É evidente o preconceito presente na abordagem da preta. A própria forma de tratamento (“a preta”) tem um sentido de humilhação e subestimação, para além da sua descrição ser completamente discriminatória (“feia e suja”). Assim no final, a Maria Preta é esfolada e os seus ossos são usados pela princesa para fazer uma escada, o que consiste num castigo quase eterno, uma vez que a Maria Preta é condenada a servir a menina para sempre.




(Para ver a versão integral deste conto consultar o site: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/content/view/full/2056)

terça-feira, 11 de março de 2008

Embora não estejamos ainda oficialmente de férias, terminaram hoje as aulas de Área de Projecto. Este segundo período foi especialmente dedicado à análise de contos. Ficámos muito surpreendidos com toda a simbologia e metáforas que podem estar por detrás de um conto infantil.
Descobrimos, por exemplo, que a menina do capuchinho vermelho pode, afinal, não ser tão inocente como pensávamos e que o lobo é nada mais que uma metáfora, representando um sedutor.
Revelou-se para nós interessante verificar a contradição existente entre o público-alvo das histórias infantis, que são as crianças, e o forte cariz sexual que as caracteriza.
Deveras fundamental foi a nossa iniciação em acções de intervenção na comunidade (no Infantário e no Hospital), e, até mesmo, o despertar para o voluntariado.
Também o facto de termos trabalhado num contexto de autonomia e auto-responsabilização contribuiu determinantemente para a nossa formação.
Apesar de grande parte do conteúdo do trabalho já estar realizado, o terceiro período afigura-se tão, ou mais, trabalhoso. Ao longo deste, estaremos a tratar de toda a parte gráfica do projecto, mas também do capítulo "O Conto Português", para o qual já dispomos de alguma informação.
Sentimo-nos satisfeitos com o trabalho desenvolvido e ainda mais motivados para a fase que se segue, porque sonhámos e acreditámos desde o início no nosso projecto.

“(…) Se os homens fizeram tudo o que pensaram
Sonharam bem antes de o realizar
E se o conseguiram foi porque o sonharam
Sonhos que ninguém quis acreditar

E os contos de fada sempre repetidos
De velhos e novos pelas gerações
Traziam em si sonhos escondidos
Que os Homens guardavam em seus corações.”


(poema anónimo, a integrar na Introdução do nosso trabalho final)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Histórias que batem forte...

O comportamento de uma pequena de cinco anos e meio de idade, conforme conta o pai, pode ilustrar como é fácil a uma criança sentir que ela é a Gata Borralheira. A rapariga tinha uma irmã mais nova, por quem sentia muitos ciúmes. A pequena gostava muita d'A Gata Borralheira, porque a história lhe oferecia material para ela act out os seus sentimentos e porque, sem as suas imagens, teria dificuldade para os compreender e exprimir. Esta pequena costumava vestir-se com muito esmero, gostava de vestidos bonitos, mas tornou-se desleixada e suja. Um dia, quando lhe pediram que fosse buscar sal, ela disse, enquanto o fazia: «Porque é que vocês me tratam como se eu fosse a Gata Borralheira?» Quase perdendo a fala, a mãe perguntou-lhe: «Porque é que pensas que te trato como a Gata Borralheira?» - «Porque vocês me obrigam a fazer o trabalho mais penoso da casa!», foi a resposta da pequena. Tendo, por esta forma atraído os pais para dentro das suas fantasias, ela acted out as mesmas mais abertamente, simulando varrer toda a porcaria, etc. Ainda foi mais longe, fazendo como se estivesse a arranjar a irmãzita para o baile. Mas ela fez melhor do que a Gata Borralheira; baseada no seu entendimento inconsciente das emoções contraditórias fundidas no papel da Gata Borralheira, disse noutra ocasião à mãe e à irmã: «Vocês não deviam ter ciúmes de mim só porque sou a mais bonita da família.»"

extraído de "A Psicanálise dos Contos de Fadas", de Bruno Bettelheim

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Best of infantário...

Como prometido, hoje publicamos aqui as melhores respostas dos meninos do infantário aquando da nossa visita. Embora no seu próprio contexto as frases proferidas fossem imensamente mais "divertidas", tentamos mostrar-vos o que foi a nossa entrevista com estas crianças, de idades compreendidas entre os 4 e os 5 anos.

"Comer muita coisa faz esquecer!"

"De que contos vocês gostam mais?" - "Eu gosto da Andreia"(*)

"Temos a cor da pele linda por dentro"

"As fadinhas estão atrás das estrelas"

"A Cinderela tinha uns sapatinhos de ouro e viajava numa carroça"

"A buxa Falinha Falela"

"Os princípes e as princesas vivem felizes para sempre, mas depois zangam-se e separam-se"


É certo que para além destas respostas inesperadas, houve ainda outros episódios cuja descrição é deveras difícil, mas que podemos tentar transmitir-vos. Assim, houve quem se exaltasse por responder e ficasse todo vermelho quando os colegas o interrompiam; as respostas dadas nem sempre respondiam à pergunta feita, de maneira que, se quiséssemos, poderíamos ter ficado a conhecer a vida de cada um; a meio, um dos grupos levantou-se de repente para nos explicar como funcionava o quadro do comportamento e demorou dez minutos a retomar o seu lugar, e por fim, tivemos ainda a descrição de um jogo de computador cuja personagem era uma bruxa. No entanto, só nos apercebemos que se tratava de um jogo quando um deles disse que "clicava na bruxa"... tempos modernos!

(*) educadora de infância

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008


Na passada terça feira, durante a manhã, o nosso grupo de Área de Projecto deslocou-se até ao Hospital Pêro da Covilhã. Esta visita não visou a obtenção de material para o trabalho, mas constituiu antes uma forma de intervir na comunidade. Como o tema do projecto se centra nos contos infantis, e na sua influência, decidimos visitar a ala de pediatria do referido hospital.
Tendo previsto que iríamos encontrar meninos com idades compreendidas entre os 4 e os 12 anos, levámos connosco imagens para colorirem. Chegados ao Hospital, confrontámo-nos com uma ala cheia, mas de crianças ainda muito pequenas (de poucos meses), com quem não podíamos desenvolver a actividade pretendida. Ainda assim, a educadora de serviço conseguiu reunir três meninas, de sete, dez e quinze anos, respectivamente.
Numa sala bem colorida, onde as crianças costumam brincar (ver foto), tivemos o prazer de interagir com as pequenas, e até cumprimos a actividade que havíamos planeado.
Apesar de não termos escolhido o melhor horário, pois durante as manhãs os médicos fazem a ronda, visitando todas as crianças internadas, sublinhamos o modo afável como nos receberam e consideramos que o objectivo da nossa visita foi alcançado.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Os adolescentes e a Carochinha...

Após a realização de inquéritos às turmas A e E do 10º ano acerca da Influência dos Contos Tradicionais no Desenvolvimento do Indivíduo e do tratamento da informação a partir deles recolhida, obtivemos algumas respostas.
Os alunos do secundário leram/ouviram os mesmos contos que os meninos do infantário: Branca de Neve e os 7 Anões, Os 3 Porquinhos, Bela Adormecida e Cinderella/Gata Borralheira, que foram os mais predilectos. A maioria acredita que influenciaram a sua aprendizagem e que ajudou o seu desenvolvimento psicológico enquanto seres humanos. Salvo algumas excepções, os alunos referiram que a moral contida em cada história serve para a assimilação/interiorização de valores éticos. É da opinião geral que hoje em dia as histórias/desenhos animados diferem dos contos tradicionais pela maior violência e personagens neles contidas. Os discentes frisam ainda que tencionam cultivar hábitos de infância se tiverem a cargo a educação de uma criança, pelo que nós concluimos que acham que de facto a leitura (quer ou não de contos) é benéfica para a aprendizagem e formação individual.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Os meninos e a Carochinha...

Visitámos hoje o infantário Obra de Sta Zita (pela terceira vez) para a filmagem das crianças quando questionadas acerca dos contos de fadas. Em grupinhos de três ou quatro, lá vinham elas ter connnosco para mais uma sessão. Ainda que ao início olhassem para a câmera com alguma desconfiança, a verdade é que as respostas foram surgindo naturalmente e acabou por ser uma experiência muito engraçada.
Quando questionados sobre as suas histórias preferidas, a resposta foi quase unânime: Três Porquinhos, Capuchinho Vermelho e Cinderela. Fomos ainda brindados com respostas completamente inesperadas e algumas divagações acerca da vida das bruxas e afins. Ficámos ainda a saber que não é possível encontrar bruxas na rua, pois estas vivem em tocas onde fazem "sopa de aranhas", além de nos transformarem em "coisas".
É com pena que não divulgamos aqui algumas imagens obtidas, mas não temos autorização para tal. Contudo, posteriormente faremos um "best of" das frases mais interessantes e opiniões mais invulgares.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

No Infantário

Finalmente, pudemos visitar os pequenos que frequentam o infantário Obra de Santa Zita. No início, apesar de reconhecerem presenças estranhas na sala, os meninos decidiram continuar a brincar como habitualmente fazem (ou seja, ignoraram-nos).
Mas, pouco tempo depois, a educadora decidiu juntá-los para que pudéssemos falar com eles. Pouco a pouco, foram-se desinibindo e dialogando connosco. O pequeno Henrique, um dos mais vivaços, até prometeu que fazia um bolo de banana para a próxima terça-feira, dia em que promoveremos um debate entre eles.
Não sabemos se, na verdade, a nossa próxima actividade contará com o manjar prometido, mas ficámos com a certeza de termos atingido o objectivo fundamental desta primeira visita ao Infantário: os petizes estarão certamente predispostos a colaborar aquando do nosso segundo encontro.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Visita alterada

Para hoje estava planeada uma visita ao infantário "Obra de Sta. Zita". Contudo, não foi possível a sua realização, uma vez que ao chegarmos ao infantário nos foi dito que a sessão planeada e a seguinte teriam que ser adiadas para dia 15 e 22 de Janeiro, dado que as crianças tinham para hoje prevista uma ida ao teatro.
A verdade é que estranhámos um pouco este imprevisto, já que o contacto mais recente com a instituição foi efectuado na semana passada e não fomos avisados. No entanto, não considerámos que este pequeno percalço nos prejudique muito no cumprimento dos prazos propostos, embora seja sempre um pouco aborrecido.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

O ciclo "animal-noivo"


É frequente em várias histórias infantis, a presença de um "animal-noivo". São exemplo disso os contos "A Bela e o Monstro", "O Príncipe Sapo", o conto português "A Menina e o Bicho" e até o mito "Cupido e Psique". Encontram-se pela primeira vez neste mito personagens-tipo dos contos infantis como as irmãs más que, invejando a irmã mais nova por ser mais bonita e talentosa, tentam tudo para a fazer infeliz; acontecimentos trágicos em consequência da desobediência da noiva; o ciclo animal-noivo: animal durante o dia e humano no leito.

O animal-noivo vive com as suas experiências diurna e nocturna separadas, ou seja, ele pretende separar a vida sexual de tudo o que faz. Pelo contrário, a mulher não aceita a separação da vida sexual de tudo o resto, tenta unir as duas coisas.
Embora a unificação do sexo, do amor e da vida só seja conseguida com muito esforço, ela não abdica desse desejo, e no fim triunfa. A vida confortável de que Psique desfrutava em relativa ingenuidade não a satisfaz e ela sente-se vazia; a mulher não se satisfaz permanecendo ignorante acerca do sexo e da vida. Uma vez ultrapassada a ideia de que o sexo é algo de animalesco, a mulher já não se satisfaz com ser apenas um objecto para o sexo e ser relegada para uma vida de lazer e importância relativa. “Para a felicidade de ambos os parceiros é essencial que tenham uma vida plena, não só com o mundo, mas também entre eles”. Este género de contos sugere que a tarefa é árdua mas necessária, se o casal quiser encontrar a felicidade.


Texto baseado no livro de Bruno Bettelheim A Psicanálise dos Contos Infantis