terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Histórias que batem forte...

O comportamento de uma pequena de cinco anos e meio de idade, conforme conta o pai, pode ilustrar como é fácil a uma criança sentir que ela é a Gata Borralheira. A rapariga tinha uma irmã mais nova, por quem sentia muitos ciúmes. A pequena gostava muita d'A Gata Borralheira, porque a história lhe oferecia material para ela act out os seus sentimentos e porque, sem as suas imagens, teria dificuldade para os compreender e exprimir. Esta pequena costumava vestir-se com muito esmero, gostava de vestidos bonitos, mas tornou-se desleixada e suja. Um dia, quando lhe pediram que fosse buscar sal, ela disse, enquanto o fazia: «Porque é que vocês me tratam como se eu fosse a Gata Borralheira?» Quase perdendo a fala, a mãe perguntou-lhe: «Porque é que pensas que te trato como a Gata Borralheira?» - «Porque vocês me obrigam a fazer o trabalho mais penoso da casa!», foi a resposta da pequena. Tendo, por esta forma atraído os pais para dentro das suas fantasias, ela acted out as mesmas mais abertamente, simulando varrer toda a porcaria, etc. Ainda foi mais longe, fazendo como se estivesse a arranjar a irmãzita para o baile. Mas ela fez melhor do que a Gata Borralheira; baseada no seu entendimento inconsciente das emoções contraditórias fundidas no papel da Gata Borralheira, disse noutra ocasião à mãe e à irmã: «Vocês não deviam ter ciúmes de mim só porque sou a mais bonita da família.»"

extraído de "A Psicanálise dos Contos de Fadas", de Bruno Bettelheim

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Best of infantário...

Como prometido, hoje publicamos aqui as melhores respostas dos meninos do infantário aquando da nossa visita. Embora no seu próprio contexto as frases proferidas fossem imensamente mais "divertidas", tentamos mostrar-vos o que foi a nossa entrevista com estas crianças, de idades compreendidas entre os 4 e os 5 anos.

"Comer muita coisa faz esquecer!"

"De que contos vocês gostam mais?" - "Eu gosto da Andreia"(*)

"Temos a cor da pele linda por dentro"

"As fadinhas estão atrás das estrelas"

"A Cinderela tinha uns sapatinhos de ouro e viajava numa carroça"

"A buxa Falinha Falela"

"Os princípes e as princesas vivem felizes para sempre, mas depois zangam-se e separam-se"


É certo que para além destas respostas inesperadas, houve ainda outros episódios cuja descrição é deveras difícil, mas que podemos tentar transmitir-vos. Assim, houve quem se exaltasse por responder e ficasse todo vermelho quando os colegas o interrompiam; as respostas dadas nem sempre respondiam à pergunta feita, de maneira que, se quiséssemos, poderíamos ter ficado a conhecer a vida de cada um; a meio, um dos grupos levantou-se de repente para nos explicar como funcionava o quadro do comportamento e demorou dez minutos a retomar o seu lugar, e por fim, tivemos ainda a descrição de um jogo de computador cuja personagem era uma bruxa. No entanto, só nos apercebemos que se tratava de um jogo quando um deles disse que "clicava na bruxa"... tempos modernos!

(*) educadora de infância

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008


Na passada terça feira, durante a manhã, o nosso grupo de Área de Projecto deslocou-se até ao Hospital Pêro da Covilhã. Esta visita não visou a obtenção de material para o trabalho, mas constituiu antes uma forma de intervir na comunidade. Como o tema do projecto se centra nos contos infantis, e na sua influência, decidimos visitar a ala de pediatria do referido hospital.
Tendo previsto que iríamos encontrar meninos com idades compreendidas entre os 4 e os 12 anos, levámos connosco imagens para colorirem. Chegados ao Hospital, confrontámo-nos com uma ala cheia, mas de crianças ainda muito pequenas (de poucos meses), com quem não podíamos desenvolver a actividade pretendida. Ainda assim, a educadora de serviço conseguiu reunir três meninas, de sete, dez e quinze anos, respectivamente.
Numa sala bem colorida, onde as crianças costumam brincar (ver foto), tivemos o prazer de interagir com as pequenas, e até cumprimos a actividade que havíamos planeado.
Apesar de não termos escolhido o melhor horário, pois durante as manhãs os médicos fazem a ronda, visitando todas as crianças internadas, sublinhamos o modo afável como nos receberam e consideramos que o objectivo da nossa visita foi alcançado.